Brasil gasta menos com preservação de florestas do que países semelhantes

23 de jun. de 2011

  Comparado a outros oito países, o Brasil é o que menos investe por hectare na preservação de suas florestas, e o que tem a pior relação entre o tamanho das áreas de preservação e o número de funcionários dedicados a protegê-las. A conclusão está no estudo 'Contribuição das unidades de conservação para a economia nacional', divulgado no mês passado e desenvolvido por meio de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e o Centro para Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sob a coordenação técnica de pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  O Brasil detém 1.278.190 km² de área de preservação 15% do território nacional. Parte da água que compõe os reservatórios de usinas hidrelétricas, o desenvolvimento de remédios e cosméticos, e atividades turísticas dependem das unidades de conservação. Elas também mitigam a emissão de CO² e de outros gases de efeito estufa, ajudando a impedir o aumento da concentração desses gases na atmosfera terrestre.
  Apesar da importância das unidades de conservação, o Brasil investe nelas menos por hectare do que África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Costa Rica, Estados Unidos, México ou Nova Zelândia países escolhidos por terem grande parte do território ocupada por áreas de preservação ou por terem índices sociais semelhantes aos nossos. Enquanto o Brasil gasta em média R$ 4,43 por hectare de suas unidades de conservação, na Argentina o índice é de R$ 21, e na África do Sul de R$ 67. Já nos Estados Unidos, país com a maior área em unidades de conservação (o Brasil é o quarto nesse ranking), a média do gasto é de R$ 156 por hectare. E, enquanto na África do Sul existe em média um funcionário para cada 1.176 hectares de área de preservação, no Brasil a razão é de um funcionário para cada 18.600 hectares.
  Segundo o estudo, enquanto o orçamento para as unidades federais de conservação se mantém em cerca de R$ 300 milhões desde 2001, a área total a ser protegida aumentou em mais de 80% no mesmo período. Já o 'enorme déficit de servidores', diz o texto, pode ser explicado também 'pelo longo período sem a realização de concursos públicos ou outras estratégias de contratação de pessoal'.
  Para que o potencial das unidades de conservação em prover produtos e serviços à sociedade brasileira seja plenamente desenvolvido, o Ministério do Meio Ambiente estima que seriam necessários gastos correntes anuais de R$ 550 milhões para o sistema federal e de R$ 350 milhões para o conjunto dos sistemas estaduais, além de cerca de R$ 600 milhões para investimentos em infraestrutura e planejamento, no sistema federal, e mais R$ 1,2 bilhão nos sistemas estaduais várias vezes o orçamento atual.

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